segunda-feira, abril 18, 2011

Retrato



Hoje eu parei pra te olhar
E o mundo parou para mim
Senti o seu respirar
Um cheiro gostoso no ar
Perfume de rosa ou jasmin

Quem disse que há vida sem o teu olhar?
Se antes havia, hoje não há

Com esse vestido rodado
Colado a tua cintura
Cabelo atrás amarrado
Parece uma pintura

De algum desses grandes pintores
Que sabem pintar as palavras
Dos nossos mais belos amores

Ah, meu retrato bonito
Minha menina travessa
Quem dera jamais tu me esqueça
Quem dera até o infinito
Eu possa te olhar como agora
Saber que minha'lma que chora
Não vive nenhuma agônia
Se chora é só de alegria
Por te ter ao alcance da vista

Que a lua nunca desista
De me ter como admirador
Mesmo sabendo que o amor
Que hoje eu trago no peito
Vai ser sempre teu por direito

Por brilhar bem mais que ela
Por ser para sempre a mais bela
Por ter regado o jardim
Por hoje estar bem assim
Do jeito que eu sempre quis
Por me fazer tão feliz
Por estar tão perto de mim

sexta-feira, abril 08, 2011

Um minuto de silêncio


Ele é o do meio

         Passei esses dias pensando em como falar sobre perda. Aliás, sobre uma perda bem especifica que tive esses dias. Um tio dos bons! O Velho tio Josias foi-se embora.
A primeira ideia que me veio à cabeça foi a que ficou até hoje, por isso a ponho em prática agora. Pra falar do meu tio Josias eu decidi começar contando a história de um dos times mais vencedores de todos os tempos, o Carvalho Futebol Clube.


        Bom, é o seguinte: Lá em casa, no nosso computador, tem um jogo que eu adoro. É o Winning Eleven 9, um jogo de futebol qualquer, para a maioria, mas que pra mim se tornou especial por um motivo: Nele a gente construiu um time: o tal do Carvalho Futebol Clube. 
  
       Esse jogo te dá a oportunidade de fazer jogador por jogador. A gente pode construir a aparência. Ele te da a opção de centenas de tipos de rosto, de cabelo, nariz, olhos... enfim. Pegamos esse jogo e fizemos o clube com os personagens da nossa família. A equipe era formada só pelos primos, irmãos, pais, tios ... até uma cachorra entrou no bolo.
  
    Com esse time nós ganhamos todos os títulos possíveis e tínhamos o melhor ataque que aquele computador já viu. Um desses artilheiros, claro, era o tio Josias. Fizemos ele com o mesmo cabelinho grisalho. Nas costas de sua camisa, o apelido que é a cara dele : “Partileira”.
 
   E pior que o filho da mãe fazia cada golaço! É bem verdade que ele era reserva... mas, sinceramente? Se fosse pra gente ser verdadeiro mesmo, o tio Josias não teria uma vaga nem como roupeiro daquele time. Pense em um perna de pau!
 
    Mas no PC nós fizemos um craque! Tinha um chute que mais parecia um cometa. Antes eu achava que tínhamos feito ele assim só porque queríamos ganhar tudo mesmo, mas hoje sei que não. Fizemos ele assim porque era isso que ele era. Tio Josias era um dos craques da nossa família. Batia um bolão, como dizem.

        Era um guri em campo (virtual), como era um guri na vida real. O tio Josias era um menino grande, como minha madrinha costuma dizer. Aliás, a esposa dele me contou uma história que retrata muito bem isso. "O Josias gostava muito de chuva. Às vezes a gente tava dormindo e ele me acordava dizendo 'Bem, tá ouvindo? Tá chovendo!' Aí eu, morta de sono dizia, 'ta sim...' e ele falava, todo animado 'Vamo lá fora ver?" E íamos os dois. Ficávamos sentados na varanda. De madrugada. Vendo a chuva bater no chão".

     Meu tio era assim. Um craque. Era único. Era dos que fazem falta.
    Sabe quando vai ter um jogo importante e o craque do time se machuca e não pode jogar? “Put´z, vamos jogar sem o Ronaldinho?”. Era assim quando tinha alguma festa ou algum encontro com a família e o velho Partileira não aparecia. O time não estava completo, não era a mesma coisa.

     Foram tantos jogos incríveis com essa família Carvalho. Ele marcou cada golaço, cada gol de placa.

     No ultimo dia 5 de abril o tio mais gaiato que esse mundo já viu pendurou as chuteiras. A camisa com o nome Partileira foi aposentada. Nosso time vai estar pra sempre desfalcado de um dos nossos melhores jogadores.
      
     Mas não é assim a vida? Agora o que nos resta é encher o estádio de bandeiras e cânticos em homenagem a ele, lembrar dos seus melhores lances, respeitar um minuto de silêncio..... e dar o ponta-pé inicial mais uma vez. Sei que é o que ele gostaria...

     Vai com Deus, tio.
 Ah, agora você vai poder ver a chuva quando quiser... é só pedir pessoalmente a São Pedro.