sexta-feira, junho 22, 2012

Sorri



Meu coração reconheceu teu sorriso.
Bateu desembestado
Feito zabumba aperreada
Na mão do forrozeiro.

Foi como na primeira vez que te vi
Quando eu, ainda menino
Fazia guerra de juá no pátio do colégio
Me sentindo tão gente grande

Te vi sentada nas escadinhas
Deus do céu, tu já eras tão linda!
Porque eu era tão criança
E tu tão mulher?

Desde aquele dia
O sol apareceu e fugiu um bocado de vezes
A lua cansou de beijar o velho Chico
Aquele pátio virou querência da memória

Mas tua graça persiste
O resto do mundo é ponto cego se você sorri

quarta-feira, junho 13, 2012

Rosa de Saron


Teus olhos miraram o horizonte em busca de paz
Vasculharam gotas de esperança, de amor
Não porque não as encontra em ti
-As têm em abundância e de forma singular-

Mas porque faz parte da tua grife
Estás na estrada e em busca.
Teu verbo se apaixonou pelo gerúndio
Amando, rindo, chorando, cuidando, lutando

O tempo perdeu a linearidade ao te encontrar
Tens as marcas das batalhas estampadas nas mãos e no rosto
Tens a empolgação da adolescência descobrindo o mundo

A sobriedade da mãe protetora, da fêmea líder do bando
O sorriso da criança sendo apresentada à vida, da mulher habitat da beleza

Oficio de subversão. És a Rosa de Saron
Teimando em ser flor, quando a vida lhe impera deserto

sábado, junho 02, 2012

Libelo


Se os opostos se atraem
Nossas querelas são diferentes
Correm na contramão da tal “verdade”                                    
Distanciam-se sob uma gravidade inversa

Fiz-me prisioneiro desse avesso
Violentado na rotina de não ser eu
Exilado de minha querência
Adúltero da amada Pasárgada  

Escolhi o eu errado pra ser